sexta-feira, 2 de maio de 2008

Machado de Assis

Joaquim Maria Machado de Assis, (Rio de Janeiro, 21 de julho de 1839 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) escritor brasileiro, foi considerado como um dos mais importantes nomes da literatura desse país e identificado, pelo crítico Harold Bloom, como o maior escritor negro de todos os tempos.
De sua vasta obra, que inclui ainda poesias,peças de teatro e crítica literária, destacam-se o romance e o conto . É considerado um dos criadores da crônica no país, além de ser importante tradutor. Foi também um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente.
É considerado por muitos o maior escritor brasileiro de todos os tempos e um dos maiores escritores do mundo, enquanto romancista e contista. Suas crônicas não têm o mesmo brilho e seus poemas têm uma diferença curiosa com o restante de sua produção: ao passo que na prosa Machado é contido e elegante, enquanto que seus poemas são algumas vezes chocantes na crueza dos termos -- similar talvez à de Augusto dos Anjos.

DO ROMANTISMO AO REALISMO
A obra de Machado de Assis pode ser dividida em dois momentos bem distintos: as obras da juventude, com forte influência do Romantismo e seu progressivo amadurecimento, até chegar ao Realismo de suas obras da maturidade. Entre estas, as mais destacadas e consideradas são Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899). Se os escritores românticos, José de Alencar à frente, conseguiram estabelecer o romance como um gênero literário de respeito no Brasil, foi Machado de Assis quem elevou a prosa brasileira ao nível das melhores escritas no mundo em sua época. Sua obra não almeja mais apenas divertir, moralizar ou afirmar valores nacionais, mas visa esmiuçar o espírito humano, refletindo sobre valores universais, sem jamais perder de vista a realidade brasileira.

Memórias Póstumas de Brás Cubas:
Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma narrativa em primeira pessoa, cujo narrador é o defunto-autor, ou seja, é um morto que narra a história com total liberdade. Essa condição do narrador permite-lhe analisar com ironia o comportamento humano e avaliar com auto-ironia suas próprias atitudes.
Livre e descompromissado com a sociedade, Brás Cubas revela e analisa não só os motivos secretos de seu próprio comportamento como também revela as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu. Ao longo da narração mostra vários episódios: sua paixão juvenil por Marcela, que amou durante quinze meses e onze contos de réis; sua amizade com o filósofo maluco Quincas Borba; os planos frustrados de seu pai em querer encaminhá-lo para a política; seus amores clandestinos com Vigília, esposa de seu amigo Lobo Neves.
A ordem da narrativa não é linear, pois se desenvolve de acordo com os pensamentos de Brás Cubas. Suas reflexões apresentam-se carregadas de pessimismo e desencanto diante da vida, questionando os valores sociais e morais como máscaras para ocultar interesses egoístas. Irônico e provocador ele convoca o leitor a fazer seus próprios julgamentos sobre os fatos narrados.
Brás Cubas expõe cinicamente os valores e comportamentos de seus familiares, de seus amigos e das mulheres com as quais se relacionou, traçando um quadro social e psicológico em linguagem bem humorada, em que a vaidade e a hipocrisia das relações humanas são uma constante. Julga a si próprio como um perdedor, como alguém incapaz de grandes realizações, como emplasto que gostaria de ter descoberto para aliviar as dores da humanidade. O balanço final de Brás Cubas sobre a existência é de pessimismo, pois depois de uma vida que resulta em fatos negativos, em fracassos, ele afirma ter tido um pequeno saldo; que foi o de não possuir filhos e não ter transmitido a nenhuma criatura o legado da miséria.
Uma das mais populares obras do autor, o romance Memórias Póstumas de Brás Cubas foi publicado originalmente como um folhetim , em 1880, em capítulos, como na Revista Brasileira. Em 1881, saiu em livro causando espanto à crítica da época, que se perguntava se o livro tratava-se de fato de um romance: a obra era extremamente ousada do ponto de vista formal, surpreendendo o público até então acostumado à tradicional fórmula romântica.
Baseando-se nessa obra, três versões cinematográficas já foram realizadas.




"O homem veste a máscara para tirar a máscara."



Dom Casmurro:
Bento Santiago, um advogado de meia idade, vive sozinho numa boa casa, em bairro distante do centro do Rio de Janeiro onde é conhecido como Dom Casmurro. Para preencher a vida pacata de viúvo sem filhos, Dom Casmurro resolve contar suas lembranças, isto é, atar as duas pontas da vida, a adolescência e a maturidade. Adolescente, Bentinho descobre-se apaixonado pela menina da casa ao lado, a Capitu. Inteligente, com idéias atrevidas, Capitu convence Bentinho a não concordar com o projeto de sua mãe, Dona Glória, senhora viúva e rica, que queria fazê-lo padre. Bentinho tanto se encanta pela firmeza de Capitu quanto fica fascinado por seus cabelos, pelos olhos de ressaca e começa a conhecer as regras do amar.
A vida toma o rumo que desejam os apaixonados: depois do seminário, do curso de Direito em São Paulo, casam-se. A vida corre feliz até o dia em que brota o ciúme, de tudo e de todos. A história de amor transforma-se numa história de suspeita de traição. O ciúme faz de Bento Santiago um homem cruel e perverso. Mordido pela dúvida de que o pequeno Ezequiel não seja seu filho, mas de seu amigo Escobar, com que aparenta visível semelhança, impõe a separação à Capitu. Para todos os efeitos, o bacharel rico enviava o filho, acompanhado da mãe para estudar na Suíça. Nunca mais Bentinho encontrou Capitu, que morre na Europa. Só revê o filho uma vez, antes de o rapaz morrer de tifo, numa viagem científica a Jerusalém.
É um romance psicólogo, narrado em primeira pessoa por Bentinho, o que permite manter questões sem elucidação até o final, já que a história conta apenas com a perspectiva subjetiva de Bentinho.



"Por mais que tente, nunca terá a certeza do que de fato aconteceu."


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