domingo, 5 de outubro de 2008

Entrevista


Aqui seguem duas passagens importantes de uma entrevista concedida por Caetano Veloso...Vocês podem conferir outras informações no site: www.tropicalia.uol.com.br/site/internas/movimento

" Ana: Então qual teria sido a nascente da Tropicália?

Caetano: Eu diria que é mais o resultado da aproximação das personalidades de Gilberto Gil e Caetano Veloso. Sem ele eu não faria nem música, quanto mais essa coisa toda dentro da música. Ainda assim, uma vez que eu já estava dentro da música, sobretudo por causa de Gil, só desencadeei esse movimento tão responsável pela questão da música popular no Brasil porque o próprio Gil estava muito excitado pra que algo nesse sentido acontecesse. Dizer que a Tropicália é exclusivamente da minha cabeça peca contra essa verdade."

"Ana: Em poucas palavras, como você definiria a Tropicália?
Caetano: A Tropicália foi simplesmente um esforço no sentido de defender o que era essencial na Bossa Nova."

TROPICALISMO


Movimento cultural do fim da década de 60 que, usando deboche, irreverência e improvisação, revoluciona a música popular brasileira, até então dominada pela estética da bossa nova.
Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o tropicalismo usa as idéias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. Também se baseia na contracultura, usando valores diferentes dos aceitos pela cultura dominante, incluindo referências consideradas cafonas, ultrapassadas ou subdesenvolvidas. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.
O movimento é lançado com a apresentação das músicas Alegria, alegria, de Caetano, e Domingo no parque, de Gil, no Festival de MPB da TV Record em 1967. Acompanhadas por guitarras elétricas, as canções causam polêmica em uma classe média universitária nacionalista, contrária às influências estrangeiras nas artes brasileiras.
O movimento, libertário por excelência, durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo governo militar. Seu fim começou com a prisão de Gil e Caetano, em dezembro de 1968. A cultura do País, porém, já estava marcada para sempre pela descoberta da modernidade e dos trópicos.



sábado, 4 de outubro de 2008

Uma questão que não está nos livros...

(UFSM-RS) Guimarães Rosa costumava dizer que “decifrar mistérios é ótimo. Diverte e exercita o cérebro”. É assim que ele desafia o leitor, ao propor para um conto de Primeiras histórias a seguinte ilustração:


Os cinco elementos trazem sugestões simbólicas que se associam por adição. Afirma-se que o mistério proposto pelo escritor mineiro pode ser decifrado por: a) “Partida do audaz navegante”, pois tem como tema um homem que, numa canoa, chega a determinada cidade e seqüestra duas crianças.
b) “A terceira margem do rio”, pois , o infinito, simboliza a terceira margem, o rio adentro, a busca do ponto mais elevado do desenvolvimento mental.
c) “Famigerado”, pois Damásio, dos Siqueiras, ao morrer no fim do conto, atinge o ponto mais elevado do desenvolvimento mental.
d) “O espelho”, pois o elemento infinito remete à batalha dos índios protagonistas do conto, em sua infinita busca de perfeição.
e) “Seqüência”, pois o conto retrata a eterna busca de um homem, a fim de resgatar uma vaquinha fujona, que remete ao símbolo do infinito, já que a procura não termina nunca.
Resposta: b

Sagarana

"Escrever é sempre esconder algo de modo que mais tarde seja descoberto."( Italo Calvino )
"O destino, como os dramaturgos, não anuncia as peripécias nem o desfecho." Machado de Assis
Escrita em 1937, a obra Sagarana foi submetida a um concurso literário (Prêmio Graça Aranha, da Editora José Olympio) em que ficou em segundo lugar. A obra trazia quinhentas páginas. Com o tempo, foi reduzida para cerca de trezentas e publicada em 1946.O título é um hibridismo (união de dois radicais de línguas distintas): saga, de origem germânica, significa "canto heróico" e rana, de origem indígena, quer dizer "à maneira de" ou "espécie de".As estórias desembocam sempre numa alegoria, e o desenrolar dos fatos prende-se a um sentido ou "moral", à maneira das fábulas. As epígrafes, que encabeçam cada conto, condensam sugestivamente a narrativa e são tomadas da tradição mineira, dos provérbios e cantigas do sertão.A obra começa com uma epígrafe, extraída de uma quadra de desafio, que sintetiza os elementos centrais da obra - Minas Gerais, sertão, bois, vaqueiros e jagunços, o bem e o mal:"Lá em cima daquela serra, passa boi, passa boiada, passa gente ruim e boa, passa a minha namorada".

Sagarana compõe-se de nove contos:











Voltada para as forças virtuais da linguagem, a escritura de Guimarães Rosa procede abolindo intencionalmente as barreiras entre narrativa e lírica, revitalizando recursos da expressão poética: aliterações, onomatopéias, rimas internas, elipses, cortes e deslocamentos sintáticos, vocabulário com arcaísmos e neologismos, associações raras, metáforas, anáforas, metonímias, fusão de estilos.

Guimarães Rosa tinha plena consciência das dificuldades que seus textos apresentam para o leitor: "Como escritor, não posso seguir a receita de Hollywood, segundo a qual é preciso sempre orientar-se pelo limite mais baixo do entendimento. Portanto, torno a repetir: não do ponto de vista filológico e sim do metafísico, no sertão fala-se a língua de Goethe, Dostoievski e Flaubert, porque o sertão é o terreno da eternidade, da solidão (...). No sertão, o homem é o eu que ainda não encontrou um tu; por ali os anjos e o diabo ainda manuseiam a língua".

sábado, 30 de agosto de 2008

Na teoria...


O modernismo brasileiro foi um amplo movimento cultural que repercutiu fortemente sobre a cena artística e a sociedade brasileiras na primeira metade do século XX.
A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país fazem do
modernismo sinônimo de "estilo novo", diretamente associado à produção realizada sob a influência de 1922. Heitor Villa- Lobos (1887 - 1958) na música; Mário de Andrade (1893 - 1945) e Oswald de Andrade (1890 - 1954), na literatura; Victor Brecheret (1894 - 1955), na escultura; Anita Malfatti (1889 - 1964) e Di Cavalcanti (1897 - 1976), na pintura, são alguns dos participantes da Semana, realçando sua abrangência e heterogeneidade. Os estudiosos tendem a considerar o período de 1922 a 1930, como a fase em que se evidencia um compromisso primeiro dos artistas com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas européias (cubismo, futurismo, surrealismo etc.).

A Semana de Arte Moderna de 22 é o ápice deste processo que visava atualização das artes, e a sua identidade nacional. Pensada por Di Cavalcanti como um evento que causasse impacto e escândalo. Esta Semana proporcionaria as bases teóricas que contribuirão muito para o desenvolvimento artístico e intelectual da Primeira Geração Modernista e o seu encaminhamento, nos anos 30 e 40, na fase da Modernidade Brasileira.

Modernismo


Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:

- Eu, hein?... nem morta!

Luís Fernando Veríssimo

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Para concluir A Cidade e as Serras


"As quatro condições elementares para a felicidade são: vida ao ar livre, amor de mulher, ausência de qualquer ambição e a criação de um novo e belo ideal." Edgar Allan Poe