quinta-feira, 3 de abril de 2008

Desafio

VERBO SER




Que vai ser quando crescer?
Vivem perguntando em redor. Que é ser?
É ter um corpo, um jeito, um nome?
Tenho os três. E sou?
Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito?
Ou a gente só principia a ser quando cresce?

É terrível, ser? Dói? É bom? É triste?
Ser; pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas?
Repito: Ser, Ser, Ser. Er. R.
Que vou ser quando crescer?
Sou obrigado a? Posso escolher?
Não dá para entender. Não vou ser.
Vou crescer assim mesmo.
Sem ser Esquecer.
Carlos Drummond de Andrade

Esse poema foi escrito no século passado, no entanto a nossa identificação com ele nos aproxima do autor...Que é ser??
Desafiamos aqueles que passarem por aqui a deixarem uma resposta.

3 comentários:

Fadinha Filó disse...

Boa idéia, meninas!
Olha, humildemente digo que:
"Cortaram o cordão umbilical, estou solta no mundo." - Clarice Lispector
Ser é estar solto no mundo!

Sophião disse...

Puts, é tão difícil falar de SER hoje, que as coisas muito mais ESTÃO o tempo todo...
Acho que pensar em ser, é pensar em quem somos, quem sou...
Tomo-me das próprias palavras do Drummond no poema "Eu, Etiqueta" pra tentar resolver o mistério:

Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

ai ai..não tem melhor terapia que a poesia!
beijos, amigas!

Geruza Zelnys disse...

Adorei!!!
q profundo esse espaço, me sinto agora mergulhada em vocês... sou eu e são vocês em mim...

Mas, definir o SER é difícil demais e toda vez que eu procuro no escuro, se não encontro a fonte da luz, persigo seu reflexo...
Tive que fazer isso agora: SER/RES

RÊS: s.f. qualquer quadrúpede que serve de alimento do Homem
(fonte: dicionário Aurélio)

O que acham????

No mais, cito a Hilda Hilst que se não soube o ser, soube ser poeta:

"Poeta e amante é o que sou"

"Aflição de ser eu e não ser outra.
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atenta e bela.
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera.
(A noite como fera se avizinha.)

Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel.
E a um só tempo múltipla e imóvel

Não saber se se ausenta ou se te espera.
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra.